Tendência de Crescimento de Microfranquias em 2024

Para Marina Nascimbem Bechtejew Richter, advogada e sócia do escritório NB Advogados, a tendência de crescimento de microfranquias deve seguir em 2024. Ela destaca três pontos cruciais para os investidores: a necessidade de dedicação integral, o faturamento proporcional ao investimento e a manutenção de capital de giro destinado às necessidades iniciais do negócio.

As microfranquias, literalmente, chegaram para ficar. De acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), são consideradas microfranquias os negócios que exigem um investimento de até R$ 135 mil – teto alterado em julho de 2023. Atualmente, existem 594 microfranquias em operação no Brasil, entre aquelas que oferecem exclusivamente microfranquias e as redes mistas que também possuem outros tipos de formatação.

A participação das microfranquias no sistema de franchising brasileiro vem crescendo: em 2020, elas representavam 29,9% do mercado; em 2022, esse número subiu para 36,9%. E, em 2024, a tendência é que sigam crescendo.

Segundo Marina, os investidores precisam estar cientes de que, ainda que o formato exija menos investimento, as obrigações de franqueados e franqueadores não mudam. “A franqueadora precisa cumprir a lei e tudo o que ela coloca como obrigação sua no contrato de franquia, tal como transferência de know-how, direito de uso da marca, capacitação para operar a franquia, etc. Também precisa ter todos os documentos jurídicos – Circular de Oferta de Franquia e Contrato”, adverte. “E o franqueado precisa fazer a parte dele também, respeitando o que foi previsto no contrato, além de pagar as taxas devidas.”

Com base em sua experiência, Marina avalia três pontos fundamentais de reflexão para quem pensa em abrir uma microfranquia.

Dedicação Integral
O primeiro ponto diz respeito à dedicação à microfranquia. “Em alguns negócios, é o próprio franqueado que precisa pôr a mão na massa, ou seja, não há previsão de funcionários. Será que ele estará disposto a isso?”

Lucratividade Proporcional ao Investimento
O segundo ponto, na visão da advogada, é com relação à lucratividade da microfranquia – quase sempre proporcional ao montante investido. “Isto esbarra de uma maneira crucial na manutenção do próprio negócio, além do franqueado e suas demandas pessoais. O que a franquia vai render, ainda que seja um valor estimado – afinal, franquia é um negócio que envolve risco – será suficiente para suprir as necessidades?”

Manutenção de Capital de Giro
Por fim, Marina aconselha a não investir tudo o que se tem na microfranquia. “É sempre recomendável deixar um capital de giro para as despesas fixas da microfranquia nos primeiros meses de operação”, reforça. “Um descontrole neste sentido pode influenciar, de maneira significativa, o desenvolvimento financeiro saudável da microfranquia. Ainda que o valor de investimento seja relativamente baixo em comparação com uma franquia tradicional, ninguém quer perder o que tem. A gestão precisa ser sempre feita com muito cuidado.”