O franchising brasileiro sempre teve um pé no legado familiar: cerca de 60% das redes são controladas por famílias, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF). Agora, uma nova geração de herdeiros está assumindo o comando, misturando tradição com disrupção. Com formação global, mentalidade digital e foco em sustentabilidade, esses jovens estão reinventando redes consolidadas e provando que é possível modernizar sem perder a essência.
Por Que a Nova Geração Está Fazendo a Diferença?
- Digitalização forçada: A pandemia acelerou a necessidade de transformação digital, e os herdeiros, nativos tecnológicos, lideram essa transição.
- Pressão por propósito: A Geração Z e Millennials exigem marcas alinhadas a ESG (Environmental, Social, Governance), algo que os novos líderes priorizam.
- Competição globalizada: Redes tradicionais precisam se reinventar para competir com startups e gigantes como Amazon e iFood.
Quem São Esses Herdeiros?
1. Camila Anauate (Grupo GRSA | Comida de Família)
- Legado: O Grupo GRSA, fundado em 1974, é dono de redes como Giraffas e Viena.
- Mudanças: Camila, da terceira geração, liderou a criação do Comida de Família, um marketplace de refeições caseiras, integrando o modelo físico ao digital.
- Inovação: Inteligência artificial para personalizar cardápios e parcerias com entregadores autônomos.
2. Ricardo Telles (Habib’s)
- Legado: A rede de fast-food árabe, fundada em 1988, tem mais de 300 unidades.
- Mudanças: Ricardo, filho do fundador, modernizou o visual das lojas, lançou o Habib’s Delivery e introduziu opções veganas (como o esfiha de jaca).
- Resultado: Crescimento de 15% nas vendas online pós-rebranding.
3. Fernanda Gama (Mamuschka)
- Legado: A marca de roupas infantis, criada em 1993, tem 120 lojas.
- Mudanças: Fernanda, filha da fundadora, implementou roupas gender-neutral, coleções sustentáveis (com algodão orgânico) e um clube de assinatura mensal.
- Impacto: Redução de 30% no desperdício de tecidos.
4. João Paulo Diniz (Grupo Trigo)
- Legado: Dono da Franchising Partners (controladora de Casa do Pão de Queijo e Coco Bambu).
- Mudanças: João Paulo, filho de Abilio Diniz, investiu em dark kitchens, aplicativo próprio de delivery e expansão agressiva para o Nordeste.
Quais Mudanças Eles Estão Implementando?
- Omnicanalidade:
- Integração de lojas físicas com e-commerce, apps e redes sociais (ex.: Cacau Show permite comprar pelo WhatsApp).
- Uso de metaverso para treinar franqueados (caso da O Boticário).
- Sustentabilidade como core business:
- Redes como Kopenhagen (sob comando de jovens herdeiros) adotaram embalagens biodegradáveis e logística reversa.
- Franquias de alimentação investem em zero waste (ex.: Mania de Churrasco reaproveita 100% dos resíduos).
- Rebranding e experiência do cliente:
- Lojas conceito com tecnologia touchscreen (caso da Havan, sob influência da nova geração).
- Atendimento via chatbots e assinaturas premium (ex.: Casa do Pão de Queijo lançou plano “Clube do Pão de Queijo”).
- Gestão data-driven:
- Uso de Big Data para prever demandas regionais (ex.: Bob’s ajusta cardápios conforme hábitos locais).
- Sistemas de CRM integrados para fidelizar clientes.
- Novos modelos de franchising:
- Franquias 100% digitais: Redes como Mundo Verde oferecem unidades virtuais com baixo investimento.
- Microfranquias sociais: Jovens herdeiros de redes como Taco El Pastor criaram modelos acessíveis para periferias.
Desafios Enfrentados por Essa Geração
- Resistência interna: Conflitos com a geração anterior, que priorizava modelos tradicionais.
- Equilíbrio entre inovação e identidade: Manter a essência da marca enquanto adota novas tecnologias.
- Pressão por resultados rápidos: Franqueados antigos podem resistir a mudanças disruptivas.
- Custos de transição: Digitalização e sustentabilidade exigem investimentos altos inicialmente.
Oportunidades Geradas pela Renovação
- Atração de novos públicos: Millennials e Gen Z consomem marcas que combinam tradição e inovação.
- Expansão internacional: Redes modernizadas, como Coco Bambu, estão abrindo unidades nos EUA e Europa.
- Valorização da marca: Ações ESG aumentam o appeal para investidores e franqueados.
- Parcerias com startups: Franquias familiares estão adquirindo ou colaborando com fintechs e healthtechs.
O Que Esperar do Futuro?
- Sucessão estruturada: 43% das famílias do franchising ainda não têm plano formal de sucessão (ABF), mas a nova geração está mudando isso.
- Fusão entre físico e digital: Lojas se tornarão “experiências imersivas”, com IoT (Internet das Coisas) e realidade aumentada.
- Franquias com DNA startup: Aceleradoras internas, como a do Grupo Boticário, vão impulsionar modelos ágeis.
Os herdeiros do franchising estão provando que é possível honrar um legado sem ficar preso ao passado. Ao unir o conhecimento tácito das gerações anteriores à ousadia da inovação, eles não só garantem a sobrevivência das redes familiares, mas as posicionam como líderes em um mercado cada vez mais competitivo.
Para investidores, franqueados e consumidores, essa renovação é um sinal claro: o franchising brasileiro está em boas mãos – jovens, conectadas e antenadas com o futuro. Enquanto redes tradicionais se transformam, o que era visto como “herança” agora se revela um novo começo.
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